Outras houve, mais curtas. Também se realizaram várias provas neste circuito inseridas em Ralis. Algumas dessas provas, fizeram-se em sentido inverso ao da imagem. Em 1968 também houve corridas de velocidade em sentido contrário.
Este circuito, está umbilicalmente ligado à história da cidade de Luanda, pois nasceu quase ao mesmo tempo que a metade dos arruamentos que percorria.
Tem o nome obviamente ligado à fortificação de defesa do ocidente da cidade, a Fortaleza de São Miguel, situada num monte circundado a ¾ por mar.
Até finais do sec XIX, nada havia em torno desse monte, para além de alguns caminhos e de uma ponte em madeira que ligava à ilha.
Até que foi iniciado o Caminho de Ferro de Ambaca, que ligava Luanda a essa povoação, anos antes de chegar a Malange. Esta linha, tinha vários ramais em Luanda e um deles circundava toda a cidade. Estes ramais destinavam-se ao serviço de passageiros e de mercadorias, com estações como a da Cidade Alta. Esta linha, servia também o porto de Luanda, na altura situado em vários pontos servidos por pequenos cais, como nas Portas de Mar ou no Largo Infante D. Henrique / Largo do Baleizão.
Perto desses cais, situavam-se inúmeros armazéns, indústrias e serviços ligados à navegação.
O principal eixo da cidade, era a Av Restauradores - Rua Salvador Correia (actual Rua Rainha Ginga) e ligava o Largo Infante D. Henrique / Largo do Baleizão, continuando para Leste passando o Largo D Fernando, da Livraria Lello. Estes arruamentos, também vieram a fazer parte do Circuito.
Para o caminho de ferro circundar o sopé do monte da fortaleza, foi feito um primeiro aterro.
Esta estrutura, serviu até ao final da 2ª Guerra Mundial, após o que o automóvel passou a ser o transporte particular por excelência e os camiões o principal transporte de distribuição urbana e suburbana de mercadorias. O porto de Luanda mudou-se provisoriamente para a frente do espaço onde iria ser edificado o Banco de Angola, enquanto foi sendo construido o porto que hoje existe, na ponta Leste da baía.
O caminho de ferro a oeste da cidade foi retirado e o aterro em torno da fortaleza, foi então aumentado para a construção das estradas marginais da Praia do Bispo e da Baía.
A ponte de estrutura em madeira para a Ilha, foi substituída por outro aterro.
Por alturas do 1º Grande Prémio de Angola, em 1957, Luanda vista da fortaleza para o largo do Baleizão, perspectiva acima repetida 4 vezes, era assim:
Após a 2ª Grande Guerra, Angola desenvolveu-se como nunca. Luanda foi alvo de um plano de reestruturação geral. As novas vias e os novos sistemas de colectores de esgotos e de águas pluviais, foram concebidos para vencer sem problemas as enchentes típicas das tempestades tropicais. Numa boa chuvada, em menos de 5 minutos as ruas ficavam transformadas em rios com altura acima dos tornozelos. Para que a água não subisse aos passeios, estes tinham mais de 30 centímetros de altura. Passada uma chuva torrencial, o sistema de escoamento de águas, secava as ruas mais depressa do que tinham sido cheias.
O desenvolvimento da cidade, tornou impossível o sacrifício das suas vias pelas corridas, mesmo poucos anos depois de ser feita a Marginal. E o Circuito da Fortaleza, correu-se pela última vez, desastrosamente e sem treinos, em Dezembro de 1969.
Na imagem abaixo, os mais de 30cm de passeio, fazem de rail contra o avanço do Carrera 6 de Andrade Villar, evitando uma tragédia ainda maior: