As pessoas, cada vez menos me surpreendem.
Apresentaram-me em tempos um espaço modesto, mas muito agradável.
Com espaço. Muito espaço. Parecia uma praia virgem e deserta, podíamos escolher onde ficar e com quem ficar.
Levei para lá todos e tudo o que queria.
Chamava-se "mazungue". Assim mesmo, sem acento.
Chamavam-lhe também rio, e eu coloquei lá alguns barcos. Vários. Uns para tomar um copo, outros para falar de carros, outros para falar de música e escutar música... E vários outros.
Como mestre das embarcações, pediam-me para tratar do bom ambiente. Porque estava ali um "que é bom é com janelas de alumínio", porque o outro "vem aos berros e com os copos", outro ainda fez "10 páginas só com revistas e nem encontro o que tu disseste"... E isto foi só o início. Do fim...
Agora, o mazungue morreu. Ganhou um acento não se percebe para quê. E já nada tem a ver com aquilo que o norteava.
E depois?
Depois, as pessoas, cada vez menos me surpreendem.
Tinha um 'grupo' no meu 'mail-list' só com aqueles 'amigos'.
Esse grupo, trocava links sobre coisas interessantes, fossem criadas por quem fosse.
Há já algum tempo que nada enviava a esse grupo.
Excepto agora. Para protestar.
O G-mail permite ler o início do correio. Então, tive até uma resposta que nem abri. Eliminei-a logo sem a ter lido. Cuspia assim: "E de que estavas à espera..."
Outros foram amigáveis:
"... Foi uma atitude injusta, estavas quase só no meio daquela peixeirada toda."
"Amigo, estou contigo..."
Não me surpreende a falta de acção das pessoas. As pessoas, estão e ajem realmente isoladas. Não são solidárias, não lutam por uma causa, pelos amigos... Já nada as faz mover da poltrona.
Isto não me surpreende.
Mas este manifesto enviado a muitos, surpreendeu-me:
"Meu caro amigo:
... É absolutamente fantástica e fantasiosa a resposta que te deram. Isto depois de nos teres levado a TODOS para o mázungue. Eu lembro-me perfeitamente que quando entrei, aquilo pouco era mais do que um ponto de encontro de meia dúzia de pessoas,...
Quando começámos a intervir com regularidade, fizémos um pedido para termos uma tertúlia sobre os automóveis. ... Tamos à espera de quê para começar?
Grosso modo, era esta a minha intervenção.
Se não fosse o teu pedido, no mázungue nada existia sobre o desporto automóvel em Angola. Ou falava-se "ao de leve". Será exagerado falar assim? Não! É a verdade! Está lá escarrapachado. A não ser que apaguem!
Depois de muita coisa escrita, de muita brincadeira e de muita estória contada, veio uma das melhores ideias para dinamizar aquele que já era o espaço mais visitado do mázungue. Em boa hora, o Turza se lembrou do piloto da semana. Mas quem teve o trabalho TODO foi o tal "menino que faz birras", o menino que "precisa ir de férias", o menino que deu cabo de tudo... Foi assim que foste retratado, como uma criançola. Coitados, não conseguem ver o óbvio...
... Vamos para sítios menos poluídos, onde deixem os meninos como eu e tu brincarem. E depois cá estaremos para ver os crescidos: envenenam, publicam mails que não lhes são destinados, reencaminham outros e ainda têm o topete de virem dar sinais de pacificação. E mentem. Mas os meninos olham para as coisas que os crescidos fazem com outros olhos. ...
...Não posso já com o cheiro a peixe podre...
Caga nisso e continua a ser quem és. Eu, com esta idade já faço assim: quem gostar, gosta. Quem não gostar que se foda (assim mesmo, em vernáculo)."